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Vão ser gêmeos, que lindo. Ou não?

A incidência natural (excetua-se reprodução assistida) da gravidez gemelar é em torno de 1:90. Gestações trigemelares ou mais são chamadas de gestações múltiplas de grande ordem.
Os chamados gêmeos univitelinos são o resultado da fecundação de um único óvulo por um único espermatozoide. Estas gestações são chamadas de monozigóticas e correspondem a 1/3 das gestações gemelares.
As gestações gemelares costumam apresentar maior incidência de complicações, que variam conforme o tipo de gemelaridade.
Sucintamente falando, a gestação gemelar pode se apresentar com duas placentas e duas bolsas amnióticas (chamada de dicoriônica, diamniótica) ou com uma placenta e duas bolsas amnióticas (chamada de monocoriônica, diamniótica) ou com uma placenta e uma bolsa amniótica (chamada monocoriônica, monoamniótica).
É SUPER, HIPER, MEGA, MASTER IMPORTANTE o diagnóstico do tipo de gravidez gemelar NO INÍCIO da gestação, pois são gestações COMPLETAMENTE diferentes em termos de prognóstico, acompanhamento, riscos, condutas, etc.
Então, só para exemplificar, enquanto a taxa de abortamento entre 11 e 23 semanas para a gravidez única é de cerca de 1%, para a gemelar dicoriônica (duas placentas) é de 2% e para a gemelar monocoriônica (uma placenta) é de 10%. Outro exemplo é o retardo de crescimento. A taxa para gravidez única é de cerca de 5%, para a gravidez dicoriônica é de 20% e para a monocoriônica é de 30%.
Tanto isto é verdade, que os números da literatura médica mostram que a redução seletiva do número de fetos (que é um procedimento não permitido pela legislação do Brasil) melhora o prognóstico da gestação gemelar. Há aumento da prematuridade, do óbito neonatal, de dano neurológico, por exemplo, conforme a gravidez seja única, gemelar ou trigemelar. Nos países que permitem esta redução (muito comum a redução de 3 para 2) observa-se diminuição das taxas de complicações.
Bebês iguaizinhos são o sonho de muitas mulheres, mas, acredite, podem ser o pesadelo do obstetra. Este tipo de gestação exige um acompanhamento mais frequente e especializado, preservando o bem estar materno e diminuindo o quanto possível as complicações fetais.
Bem, a medicina fetal tá aí pra isso mesmo.

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