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Já fiz muitos partos.


Já fiz muitos partos e é interessante como minha sensação ao realiza-los foi mudando ao longo destes anos. Sempre houve e há muita emoção ao ver uma nova vida chorando em seus braços, mas este sentimento foi mudando ao longo dos anos.
No início havia a preocupação em demonstrar o que tinha aprendido, que sabia fazer. O chefe da residência tinha que ver que eu tinha aprendido. Era uma época de auto afirmação.
Depois passei por longos anos em que a reputação se formava. Era imperativo o bom resultado para que mais e mais clientes formassem uma opinião favorável do meu trabalho. Era capaz de me emocionar com uma nova vida, mas o conceito da sociedade sobre meu trabalho falava muito alto. Foi uma época em que erros, felizmente poucos, estressavam mais pela repercussão que causavam, do que pela dor de quem era atendido.
Hoje, talvez pela maturidade, talvez pelo amor, talvez pela dor, a emoção é outra. É emocionante ver um espírito encarnar, um pulmão inspirar, uma garganta chorar, uma vida começar. Olho para aquele ser e desejo uma vida repleta de aprendizado, de amor e de felicidade. Olho para os pais, especialmente aqueles com o primeiro filho, e desejo um lar de harmonia, de paz, de amor, cumplicidade, esperando que tenham as alegrias que tive com o nascimento do meu filho, esperando que saboreiem cada momento, melhor, talvez, do que eu tenha feito. E desejo, de coração e com intensidade, que este ser que nasce os complete e os una e que a felicidade se perpetue em seus lares.
Sim, provavelmente isto tudo tem a ver com não só com minha evolução profissional, mas também pessoal e espiritual. Que seja. O sentimento é de uma enorme satisfação em participar de um momento tão marcante da vida destas pessoas que me honram ao confiar a realização de um sonho, de um momento tão marcante de suas vidas na habilidade das minhas mãos, guiadas por Deus com certeza.
Têm sido momentos especiais e inspiradores em minha vida.
Gratidão.

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